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terça-feira, 25 de julho de 2017

Dicas importantes para os Professores

AS 15 COISAS QUE TODO PROFESSOR PRECISA SABER.Imagem relacionada
1 – TORNE O CONHECIMENTO VÁLIDO 
Por mais que você ache que o conteúdo que você dá é essencial para a formação do aluno, nem sempre ele irá achar a mesma coisa. Portanto, faça com que ele veja a importância desse conteúdo no dia-a-dia dele. Nem sempre você conseguirá fazer isso, mas não ensine apenas para passar o conteúdo. 

2 – CONHEÇA OS SEUS ALUNOS
O seu método de ensino nem sempre funcionará para todos os seus alunos. É importante que você tente conhecê-los e entenda como cada um deles absorve o conhecimento. Não são todas as pessoas que conseguem digerir o que aprendem escrevendo – alguns precisam somente escutar. Não imponha nenhum tipo de método, pois, assim, eles se sentirão livres para assistir a aula da forma que acreditar ser melhor. 

3 – TRAGA EXEMPLOS REAIS
Se você deseja que os seus alunos entendam de maneira fácil o conteúdo lecionado é importante que você dê exemplos reais para eles. Se você ensina química, por exemplo, leve-os para o laboratório para que eles vejam na prática o que você está dizendo. O contato próximo com a realidade é uma ótima forma de ensinar e digerir qualquer conteúdo. 

4 – NÃO AJA COMO UM DITADOR
É importante que seus alunos sintam que estão em um local confortável para dizer o que pensam e, ao mesmo tempo, respeitem você. Agir com “mão de ferro” não será benéfico para você, nem para eles. Portanto, construa uma imagem respeitosa, mas não seja opressor. 

5 – APRENDER COM OS ERROS
Ensine e incentive os seus alunos a aprenderem com os erros. Se um deles tirou uma nota baixe, dê abertura para que ele tire as dúvidas e saiba onde está errando. Querendo ou não, errar é uma das formas mais eficazes de aprender. 

6 – ENTENDA AS LIMITAÇÕES
Nem todos os seus estudantes serão extrovertidos e terão facilidade para interagir com os outros alunos. Nem sempre trabalho em grupo funcionará para todas as pessoas. Por isso, saiba quais são os seus alunos introvertidos e forneça uma atenção maior a eles. 

7 – COMPARTILHE O SEU PLANO DE AULAS
Todos os professores, no início das aulas, devem fazer um plano de aulas até o fim do ano letivo. Por mais que não seja sua obrigação compartilhar isso com os alunos, deixá-los a par dos assuntos que serão abordados ao longo dos meses é importante. Assim, eles saberão quais são os seus objetivos e trabalharão juntamente com você.
   
8 – ABORDE DIFERENTES PONTOS DE VISTA
Por mais que você acredite em certo ponto de vista, é importante que você passe outras maneiras de abordar um assunto para os seus alunos. Principalmente para professores na área de humanas, falar sobre as diversas maneiras de analisar uma situação é a chave para desenvolver jovens com pensamento crítico. 

9 – FORNEÇA MATERIAL RELEVANTES
Mesmo que você conheça dezenas de livros interessantes para os seus alunos, é essencial que você filtre o que realmente é importante para eles. Não peça muitos materiais diferentes para estudar porque essa é a forma mais eficaz de fazer com que eles percam o interesse em sua aula. 

10 – UTILIZE RECURSOS TECNOLÓGICOS
Aproveite os benefícios que a tecnologia pode trazer para as suas aulas e utilize-os para melhorar o ensino. Recursos visuais como vídeos e imagens podem enriquecer o conteúdo lecionado, além de ajudar os alunos que possuem memória visual. Veja, também, sites que oferecem lições e exercícios gratuitos e compartilhe com os estudantes. 

11 – DESPERTE A CURIOSIDADE
Faça com que os seus alunos sintam curiosidade sobre o assunto que você está ensinando. Faça perguntas e traga informações curiosas para que, assim, eles tenham vontade de aprender mais e até conhecer o assunto mais a fundo. 

12 – DÊ FEEDBACKS CONSTRUTIVOS
Se o seu aluno está sentindo dificuldade para compreender um assunto, dê um feedback construtivo. Diga exatamente em que aspectos ele precisa melhorar e invista em um bom relacionamento entre professor e estudante. 

13 – COMPARTILHE DICAS E MACETES
Por mais que nem sempre os macetes farão com que eles aprendam o conteúdo, é por meio dessas dicas que eles poderão obter resultados melhores. Não deixe de passar a lição completa, porém, se existe um caminho mais fácil, compartilhe com os seus alunos. 

14 – CRIE HÁBITOS
Desenvolver hábitos duradouros para os seus alunos é o segredo para que eles tenham bons resultados em provas e trabalhos. Quer que eles sejam mais rápidos na hora de realizar testes? Dê exercícios em sala de aula e faça um controle do tempo. Fazer esse tipo de atividade várias vezes, durante alguns meses, irá incorporar o hábito de serem mais velozes em seu cotidiano. 

15 – DÊ ESPAÇO 
Criar um espaço para que os estudantes se sintam a vontade pode ajudá-los a ter um melhor desempenho em provas e consigam absorver mais facilmente o conhecimento. Portanto, caso possível, dê algumas aulas fora da sala e não tenha medo de reorganizar as carteiras. Quanto mais espaço livre, melhor. 


http://martinsramos.blogspot.com.br/2017/

O papel do Professor Coordenador

                                                                             Prof. Celso dos S. VasconcellosResultado de imagem para papel do coordenador


O Professor Coordenador Pedagógico como Mediador do Processo de Construção do Quadro de Saberes Necessários

O Professor Coordenador Pedagógico (PCP) é o intelectual orgânico do grupo, qual seja, aquele que está atento à realidade, que é competente para localizar os temas geradores (questões, contradições, necessidades, desejos) do grupo, organizá-los e devolvê-los como um desafio para o coletivo, ajudando na tomada de consciência e na busca conjunta de formas de enfrentamento. O intelectual orgânico é aquele que tem um projeto assumido conscientemente e, pautado nele, é capaz de despertar, de mobilizar as pessoas para a mudança e fazer junto o percurso. Em grandes linhas cabe ao coordenador fazer com sua “classe” (os seus professores) a mesma linha de mediação que os professores devem fazer em sala: Acolher, Provocar, Subsidiar e Interagir.
Cabe ao coordenador desenvolver a sensibilidade para com o outro, buscar, investigar a realidade em que se encontra, conhecer e respeitar a cultura do grupo, suas histórias, seus valores e crenças. Esta prática se aproxima do conceito psicanalítico de maternagem: engendramento do outro, acolher, metaforicamente, dar colo, ser o útero protetor. Por outro lado, ao PCP cabe também o desafiar, o provocar, o subsidiar, o trazer ideias e visões novas, questionar o estabelecido, desinstalar, estranhar as práticas incorporadas (para isto, exige-se sua capacitação: estudo, pesquisa, reflexão crítica sobre a prática). Esta postura se aproxima do conceito psicanalítico de paternagem: ser firme, porto seguro, mobilizar certa dose de agressividade, lutar por suas ideias, trazer a tradição, a norma, a cultura. O coordenador, como todo educador, vive esta eterna tensão entre a necessidade de dirigir, orientar, decidir, limitar, e a necessidade de abrir, possibilitar, deixar correr, ouvir, acatar, modificar-se. Todavia, o dirigir, o orientar, mais do que o sentido restritivo, tem o objetivo de provocar, despertar para a caminhada, para a travessia, para abandonar o aconchego do já sabido, do já vivido.
Sua função é ajudar a concretizar o Projeto Político-Pedagógico da instituição no campo Pedagógico (integrado com o Administrativo e o Comunitário), organizando a reflexão, a participação e os meios para a concretização do mesmo, de tal forma que a escola cumpra sua função social de propiciar a todos os alunos a:
                          nAprendizagem Efetiva
                          nDesenvolvimento Humano pleno
                          nAlegria Crítica (Docta Gaudium)
 partindo do pressuposto de que todos têm direito e são capazes de aprender.
Cabe ao PCP coordenar a elaboração e a realização interativa do Projeto Político-Pedagógico da Escola; elaborar o seu plano setorial, qual seja, o Projeto de Trabalho da Coordenação Pedagógica; colaborar com os professores na construção e realização interativa do Projeto de Ensino-Aprendizagem/Plano de Ensino, assim como dos planos de unidade, sequências didáticas, projetos de trabalho, semanários, planos de aula; coordenar as reuniões pedagógicas semanais (Hora-Atividade, Horário de Trabalho Pedagógico Coletivo); o acompanhamento individual dos professores (supervisão não com sentido de controle autoritário, mas de “outra”-visão); puxar para o todo (superando o foco muito localizado de cada professor); participar da educação da Mantenedora e da Comunidade, etc.
Um dispositivo institucional fundamental para favorecer a concretização do PPP e a atividade da coordenação é o trabalho coletivo constante, a Hora-Atividade, o tempo coletivo dos educadores na escola, com a presença da direção, coordenação orientação e professores. Fica muito difícil o trabalho da coordenação quando não há este espaço coletivo constante, pois é aqui que as coisas são amarradas, as avaliações feitas, as metas estabelecidas (ex.: alfabetização, diminuição da evasão, do insucesso ao fim do Ciclo, etc.) monitoradas, as intervenções pensadas coletivamente. Para mudar a escola —e a sociedade— precisamos de pessoas e estruturas, estruturas e pessoas. Não pode haver dicotomia. O PPP e o trabalho coletivo constante são instrumentos que ajudam as pessoas na tão necessária luta pela melhoria da qualidade da prática pedagógica. Sem este espaço, o coordenador corre um sério risco de virar “bombeiro”, “quebra-galho”, “burocrata”, tendo uma ação fragmentada.

Observações sobre o Processo e o Papel do CPP na construção do Quadro de Saberes Necessários (QSN)
lTer claro que a tarefa é de todo o grupo da escola e não só do PCP.
lO PCP não tem obrigação de dominar todos os saberes.
lO processo de construção coletiva é muito mais complexo do que a elaboração por um grupinho. Todavia, seu valor é muito maior, pois o próprio processo de construção já é uma formação para quem dele participa.
lTer clareza do objetivo do encontro: concluir esta etapa do processo na escola. Para não dispersar (e levar à frustração), ficar firme no objetivo, ter o foco na tarefa: modificação, exclusão, dúvida ou inclusão de saberes.
lPara isto, é decisivo que os participantes saibam com bastante antecedência o objetivo do encontro (concluir esta etapa de discussão do QSN na escola). Desta forma, poderão também se preparar para ele de forma coerente.
lNão ser dogmático, não generalizar. Lembrar sempre das diferenças, da diversidade.
lToda fala tem pelo menos as dimensões cognitiva e afetiva. O aspecto cognitivo tem a ver com a lógica, com a articulação e fundamentação das ideias, com a força do argumento. O aspecto afetivo tem a ver, primeiro com a energética, com o ânimo, com o grau de entusiasmo de quem se expressa; depois, tem a ver também com um aspecto bastante sutil que é polaridade desta energia, qual seja, se é construtiva (desejo sincero e crítico de ajudar o outro a crescer) ou destrutiva (vaidade, preconceito, inveja, ciúme). Muitas vezes, o que fere, como sabemos, não é tanto o que se fala, mas o como se fala.
lDiante dos conflitos de opinião, lembrar dos fundamentos, das concepções subjacentes (isto ajuda a tirar a discussão do plano pessoal).
lO conflito cognitivo, o embate das ideias, é uma das bases para o avanço do conhecimento, da ciência, da filosofia. Portanto, é uma prática muito saudável. Todavia, não pode ser confundido com conflito pessoal (como aquelas brincadeiras infantis de “Ficar de mal”). Nada mais natural que, depois de uma acalorada discussão, os professores saiam juntos para tomar café.
lNeste momento, insistimos, estamos construindo o QSN. A forma de trabalhar com ele, o tratamento metodológico, a prática concreta, caberá, posteriormente, a cada escola decidir, nos seus momentos de planejamento e trabalho coletivo.
lLembrar que nossa referência maior não são os professores, nem os gestores, os funcionários, a Secretaria de Educação, o Sindicato ou o Partido, mas as crianças, os jovens e adultos, nossos alunos, no horizonte de um projeto libertador.

Algumas Técnicas de Trabalho
lPara não polarizar a discussão, procurar não se posicionar inicialmente. Favorecer o circular da palavra no grupo. Prestar atenção nas pessoas, para ver reações diante da fala de colegas. Incentivar que pessoas se expressem (ajudar a romper inércia, medo ou omissão dos colegas professores).
lPor respeito ao grupo, ao invés de dizer “Entenderam?”, perguntar “Fui claro?”, trazendo para si a responsabilidade da clareza na exposição das ideias.
lQuando alguém do grupo fizer uma pergunta, ao invés de se aproximar, afastar-se da pessoa, levando-a a fazer a colocação de maneira que se dirija a todos (e não só para o coordenador, o que poderia dispersar os outros).
lPara não ficar sobrecarregado e poder dedicar-se mais intensamente à tarefa de mediação, solicitar a ajuda de alguém do grupo para controlar o tempo (orientando, no entanto, para não cair num formalismo que esteriliza a participação).
lSolicitar também ajuda de uma ou duas pessoas no registro das participações do grupo (podendo até ter uso de gravador, se os participantes assim concordarem).
lSe a discussão de algum item ficar muito forte, o PCP pode sugerir que se faça um rápido cochicho ou um pequeno grupo, para que as pessoas possam se manifestar mais intensamente e assim ganhar-se clareza para a definição. A participação no grande grupo normalmente não é de todos.
lUma estratégia interessante na condução dos trabalhos, quando há um mínimo de clima de liberdade, é a busca do consenso, ao invés da votação. Aparentemente, a votação é mais democrática, mas pode não ser bem assim. É certo que é uma forma mais rápida de se resolver impasses, porém há o risco de empobrecer o debate, além de criar divisões no grupo (os que venceram versusos que perderam). Se a decisão vai ser tomada por votação, quando o outro está falando, minha tendência é prestar atenção aos pontos falhos de seu discurso para explorá-los quando assumir a palavra. Se a decisão for por consenso, enquanto o outro fala, estou prestando atenção naquilo que pode ser aproveitado do discurso dele, naquilo que ele se aproxima de minhas convicções a fim de chegarmos a pontos comuns. Por isto, a votação é recomendada apenas em último caso.
lNas justificativas das alterações, cuidado com “chavões” (“construtivismo”, “letramento”, etc.). Corre-se o risco de, ao quererem dizer tudo, nada comunicarem em termos mais substanciais. Orientar no sentido de dizer o que entende por aquilo, se usar um termo mais técnico ou específico.
lNão “comprar brigas” secundárias. Estar atento ao que é essencial. Não brigar por palavras, por termos, mas pelas ideias, pelas concepções subjacentes.
lDurante as discussões, podemos nos envolver a ponto de ter um impulso agressivo, do qual depois teremos de nos desculpar com o grupo e, em especial, com o colega em questão. Há situações em que nós mesmos não entendemos nossos atos. Isto nos remete àquelas reflexões sobre nossas dimensões sim-bólica/dia-bólica (Boff), sapiens/demens (Morin). Poderíamos tentar explicar nossas preocupações naquele momento (outro colega estava sendo colocado em situação difícil, busca de clareza metodológica, ou ainda a questão do tempo, já que a reunião tinha se estendido mais do que o previsto, etc.), mas nada pode justificar. Para tentar reverter o constrangimento de uma pessoa, constrangemos outra... Se buscamos um referencial humanista, democrático, não podemos, em nome de deixar clara uma ideia, “atropelar” uma pessoa; isto é uma contradição com o próprio pressuposto humanista da educação.
lNo processo de interação com os professores, procurar ter um olhar de compreensão, e não de acusação, de condenação: antes de estabelecer um juízo de valor, dialogar, procurar entender as razões de determinada prática ou atitude (afinal, não é isto que desejamos que façam com os alunos também?). Muitas vezes, por exemplo, o PCP se indispõe com o professor a partir do julgamento imediato da contradição entre aquilo que ele fala e o que ele faz. Frequentemente, este descompasso não advém de um problema moral, de falsidade (dizer uma coisa e conscientemente fazer outra), mas epistemológico (níveis de consciência: a desejada superficial versus a equivocada enraizada). O desafio que se coloca aqui é duplo: desconstruir a concepção equivocada enraizada e internalizar a concepção emancipatória desejada; Cabe lembrar que construção/desconstrução de concepções não é um exercício meramente teórico, reflexivo. Envolve, evidentemente, a reflexão, mas passa pela sensibilidade, pelo afeto, pelo desejo, pelas práticas, pelos recursos, pelas estruturas.
            
A perspectiva de processo é muito importante (“ninguém chega lá partindo de lá”): aproximações sucessivas, começar a mudar aos poucos; valorizar os passos pequenos, porém concretos e coletivos na nova direção. Avançar mais onde for possível. Ao mesmo tempo, não se acomodar ao que já se alcançou. Impaciente paciência histórica. Aprender com os próprios erros. O coordenador que queremos ser, ainda não somos (plenamente). Estamos sempre nos fazendo, à medida que incorporamos o mote socrático conhece-te a ti mesmo,(ou torna-te quem tu és), a autocrítica.


Bibliografia
VASCONCELLOS, Celso dos S. Sobre o Papel da Supervisão Educacional/Coordenação Pedagógica. In: Coordenação do Trabalho Pedagógico: do projeto político-pedagógico ao cotidiano da sala de aula, 11a ed. São Paulo: Libertad, 2010.
__________ Metodologia de Elaboração do PPP. In: Planejamento: Projeto de Ensino-Aprendizagem e Projeto Político-Pedagógico, 21ª ed. São Paulo: Libertad, 2010.
__________ Currículo: A Atividade Humana como Princípio Educativo, 3ª ed. São Paulo: Libertad, 2011.
__________ Indisciplina e Disciplina Escolar: fundamentos para o trabalho docente. São Paulo: Cortez, 2009.
__________ O Coordenador Pedagógico na Escola. Disponível em: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/noticias.html?idEdicao=53&idCategoria=8 (acesso em 08/12/11).

Prof. Celso dos Santos Vasconcellos é Doutor em Educação pela USP, Mestre em História e Filosofia da Educação pela PUC/SP, Pedagogo, Filósofo, pesquisador, escritor, conferencista, professor convidado de cursos de graduação e pós-graduação, responsável pelo Libertad - Centro de Pesquisa, Formação e Assessoria Pedagógica. www.celsovasconcellos.com.br

domingo, 23 de julho de 2017

Conhecimento x Informação

A pata nada, mas será que brinca?

Mario Sergio Cortella*

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Conhecimento não é acúmulo de informação: deixemos nossas crianças se divertirem com o aprendizado

O mundo está mudando. A rapidez das alterações é tão inédita que, por exemplo, o aluno que entrou este ano na primeira série do ensino fundamental, antes mesmo de botar o pezinho para ser alfabetizado por nós na escola, antes de ter contato conosco, educadores e educadoras, já tinha assistido a 5 mil horas de televisão.

Calcula-se que uma criança assista, em média, três horas de TV por dia (mil horas por ano), a partir dos 2 anos de idade. Portanto, dos 2 aos 7 anos, quando ela entra no ensino fundamental, já assistiu Discovery Channel, National Geographic, filme pornográfico, novela, bombardeio dos prédios de Nova York, desenhos animados, enfim, ela já assistiu muita coisa. E é assim que ela chega na escola, senta no primeiro dia de aula e fica esperando. E nós, quantas vezes, começamos a aula dizendo: "A pata nada."

Não se confunda conhecimento com informação. Conhecimento é seletivo, informação é cumulativa. A nossa escola, de maneira geral, nos passou fortemente a idéia de que informação era conhecimento. E não é. Por isso uma das tarefas fundamentais da família e da escola é ajudar as crianças e jovens a desenvolverem critérios de seleção, em vez de soterrá-los com informações.

Velocidade, movimento, correria. As crianças também são induzidas a viverem turbinadas. A cada dia se tem menos tempo, levanta-se mais cedo e vai-se deitar mais tarde. E vai-se deitar com débito, achando que deveria estar acordado ainda, fazendo coisas. A ciência nos prometeu, há cem anos, no início do século XX que, quanto mais tecnologia, mais tempo livre e nós estamos em uma explosão tecnológica, quase sem tempo nenhum.

Hoje há crianças de 7 anos que não têm tempo para nada. Elas têm agenda de executivo - já estão neuróticas. Não podem ficar paradas, brincando: a família tem de preencher o tempo dela com tarefas, a escola também tem de dar tarefas. Tem escola, inclusive, que enche a criança de tarefa na sexta-feira, para trazer na segunda-feira. É um crime contra a infância.

Sabe o que faz o aluno? Passa o final de semana preocupado com aquilo, não faz, vai fazer somente no domingo à noite depois que está cansado, quase dormindo em cima do caderno e vai criar raiva em relação ao nosso trabalho. Nós dizemos assim: "Ah, mas é preciso." É preciso ou será que é questão de planejamento? Nenhum de nós, professor ou professora, gosta de levar trabalho para casa, por que o aluno gostaria? Nós temos de levar trabalho para corrigir, planejamento, mas se pudéssemos, não levaríamos.

Quem confunde os conceitos, sufoca os alunos com informação, achando que eles precisam saber tudo o que está programado e, como nunca dá tempo de cumprir o programa, eles, discentes não sentem prazer com aquilo que fazem e ficam o tempo todo atarefados com tantas lições. E a família até acha que isso é um sinal de escola boa. Existe algum erro de planejamento da escola ou da família quando a criança não tem tempo para brincar. Criança tem de brincar. É assim que também se aprende. A pata brinca, além de nadar.


 

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