A ÁFRICA DOS GRANDES REINOS
Prof. Douglas Barraqui
CARACTERÍSTICAS GERAIS:
ü Conflitos tribais e guerras civis
ü Epidemia de AIDS
ü Riquezas naturais – ouro, diamante e petróleo
ü Savanas, florestas tropicais e desertos.
ü Mais antigo fóssil humano.
ü Os agrupamentos humanos no passado formaram:
Aldeias tribais; depois, organizaram-se em cidades-Estado, reinos e impérios.
DIVISÃO GEOGRÁFICA:
I) ÁFRICA SAARIANA
Localização: norte do continente (estende-se pela região que vai do atual Egito até o Marrocos).
Povos que habitavam a região: egípcios e líbios
Organização: em aldeias de agricultores e tinham leis com base nos costumes e nas assembleias, que estipulavam as decisões políticas.
Outros grupos dedicaram-se ao pastoreio e eram nômades. Formavam confederações e eram liderados por conselhos de anciãos ou por um único chefe.
Século III a.C. - união das aldeias levou à formação dos reinos.
II) ÁFRICA SUBSAARIANA
Localização: ao sul do deserto do Saara até o cabo da Boa Esperança, no extremo sul do continente.
Povos que habitavam a região: vários grupos étnicos, com línguas e culturas diversas.
Para melhor estudar essa região, alguns historiadores dividem-na em quatro áreas:
a) África ocidental: região mais urbana em razão do comércio com os islâmicos ao norte, com a predominância das etnias haussa e iorubá;
b) África central e meridional: ocupada por povos cuja língua era originária dos bantos, ou seja, dos povos que migraram para a região, expulsando de lá os antigos habitantes, que não se adaptaram à nova cultura;
c) África etíope: o contato com os povos da costa do mar Vermelho e do mar Mediterrâneo trouxe para os etíopes o cristianismo, que se tornou sua principal religião. Persas e muçulmanos, nos séculos VI e VII, respectivamente, dificultaram o contato dos etíopes com os bizantinos, que eram seus aliados. Assim, barrados de leste a oeste, os reis etíopes expandiram seus reinos para o sul;
d) África da costa oriental: região povoada por bantos, mas também por outros povos, como os malaios, que vinham da Indonésia, sendo influenciados pela cultura árabe e muçulmana.
OS POVOS AFRICANOS
Enorme diversidade social, política e cultural no continente, ocorrida graças à sua extensão e às características geográficas.
I) Aspectos política:
ü Outros estavam organizados em aldeias, formadas por conjuntos de famílias que viviam sob o comando de conselhos de anciãos e de chefes de clãs.
ü Alguns deles possuíam governos centralizados;
II) Aspectos social:
ü Povos nômades e povos sedentários.
ü A propriedade da terra e o trabalho eram coletivos e havia a escravidão doméstica (prisioneiros de guerra eram obrigados a trabalhar para toda a aldeia).
III) Aspectos econômica:
ü Praticava a agricultura e o pastoreio,
ü Desenvolviam a agrícolas, viviam também da caça, da pesca e da extração de minérios.
ü Outras dedicavam-se ao comércio e às trocas de produtos artesanais e agrícolas
ü Exploração de jazidas de ouro e de pedras preciosas, como o diamante.
ü Existência de minas de cobre, ouro e sal atraíram comerciantes e possibilitaram o desenvolvimento do comércio.
ü O desenvolvimento do comércio mais o excedente de alimentos levou à formação de núcleos urbanos comerciais, constituídas por famílias independentes e autônomas.
ü Era comum que diversas aldeias vizinhas fossem ligadas por uma mesma rede comercial e governadas pela autoridade de um só chefe político.
ü Algumas dessas cidades controlavam a extração e a fundição de metais, o que possibilitou a produção de armas com ferro ou cobre, desenvolvendo assim maior poderio bélico e militar.
ü Essas cidades acabaram por dominar outras, constituindo assim os impérios e reinos, que se destacariam política, economicamente e militarmente.
IV) Aspectos culturais:
ü Religião: politeísta animista - acreditavam que as formas da natureza – plantas, animais, minerais – possuíam alma e intencionalidade, eram consideradas inferiores. (Havia uma concepção de profunda relação entre as forças naturais, as sobrenaturais e as humanas, na qual todo o Universo seria interligado: árvores, montanhas, pedras e astros exerceriam influência sobre a Terra e a vida dos seres humanos, e vice-versa).
ü As máscaras são as formas mais conhecidas da arte africana no Ocidente. (Muitas mascaras, bem como outros objetos, eram usados para reverenciar os ancestrais e as forças da natureza, invocar forças vitais e boas colheitas e acompanhar os ritos, as danças e as cerimônias religiosas. Esses objetos também serviam para relembrar as origens míticas de cada comunidade. Simbolizavam espíritos naturais e eram utilizadas durante as cerimônias, associadas a novas colheitas, iniciações masculina e feminina, casamentos, nascimentos e funerais).
ü Cada grupo social da África tradicional tinha sua maneira de conceber o mundo e explicar sua origem.
A chegada do islamismo
ü No século VII - Os árabes dominaram a região, converteram ao islamismo a maioria da população e ampliaram o contato com povos da África subsaariana.
ü Atrativo que o continente africano oferecia aos islâmicos era a possibilidade de desenvolvimento do comércio e a obtenção de riquezas minerais, como o ouro.
ü Foi a partir da chegada dos povos islâmicos que o registro da história de muitas regiões da África começou a ser feito.
ü Os comerciantes árabes negociavam com os africanos ouro extraído nas proximidades dos rios Senegal e Níger e seus afluentes, produtos de caça – como plumas de avestruz, peles, marfim –, cornos de rinoceronte, óleos, animais, pigmeus e escravos. Em troca, os mercadores árabes traziam artigos de luxo, como louças, talheres finos, incensos, espadas ricamente decoradas, cavalos e cobre.
OS GRANDES REINOS DA ÁFRICA
Antes das Grandes Navegações (séculos XV e XVI) e da colonização europeia (século XIX), já existiam no continente, chamado África tradicional, sociedades diversas e independentes, com organizações econômicas, políticas e culturais próprias.
I) Gana, o primeiro grande reino
Localização: Na África, ao sul do deserto do Saara, no oeste do continente, em uma zona chamada Sael.
Atualmente: Mali, da Burkina Faso, do Senegal e da Mauritânia.
Período: apogeu entre os séculos IX e X.
Povo de origem: soninquês, povo de língua mande
Organização:
ü Monarquia – rei recebia o título de gana (o rei era visto como o elo entre os deuses e os homens).
ü Liderava um poderoso exército e ocupava o topo de uma sociedade hierarquizada.
ü Os sacerdotes, nobres e funcionários cuidavam da administração do reino.
ü Cada cidade do reino tinha seu governante, que devia obediência ao rei.
ü A população desse reino dedicava-se à agricultura e à criação de gado.
ü O comércio e a exploração das minas de ouro eram atividades essenciais para a economia.
ü No auge, Gana chegou a ter um exército de 200 mil soldados, dos quais 40 mil eram arqueiros.
II) O poderoso reino do Mali
Localização: Mesma região em que se desenvolveu Gana (Na África, ao sul do deserto do Saara, no oeste do continente, em uma zona chamada Sael).
Período: Floresceu entre os séculos XIII e XVI.
Povo de origem: vários povos, sendo os malinês (ou mandingas) o grupo principal. Eles falavam a mesma língua mandêdos soninquês de Gana e também adotaram o Islã.
Organização:
ü Mali surgiu a partir da cidade de Timbuktu que funcionava como ponto de apoio e abastecimento das caravanas que traziam sal das minas do deserto do Saara. O sal era trocado por ouro e escravos, trazidos pelo rio Níger.
ü Governante recebiam o título de mansa. (Governantes que se tornaram famosos - Sundiata, herói fundador que reinou de 1230 a 1255, e Mansa Musa, que governou entre 1312 e 1337. Mansa Musa (1312-1337), que se converteu ao islamismo, é lembrado pela peregrinação que fez à cidade sagrada de Meca. A comitiva reuniu de 8 mil a 15 mil pessoas e percorreu o deserto carregada de ouro).
ü A economia do Império Mali era próspera, pois: controlava o comércio transaariano e as rotas de caravanas que se dirigiam para as principais cidades do reino, localizadas em sua maioria às margens do rio Níger. O comércio e principalmente as taxas sobre o tráfego de ouro, sal, escravos, marfim, noz de cola e outros. (Com a arrecadação originada do comércio e das taxas, o mansa obtinha cavalos para o exército e comprava tecidos e artigos de luxo como formas de demonstrar seu poder).
ü A maioria da população não era favorecida pela riqueza do comércio transaariano, exceto pelo acesso ao sal, indispensável em sua alimentação. Os súditos viviam em vilarejos, em casebres feitos de barro. Praticavam a agricultura, criavam animais, como bois, camelos e cabras, pescavam, teciam e produziam objetos artesanais, como cestas e potes.
ü No século XIV, o império atingiu seu auge sob o governo de Mansa Musa (1312-1337), que se converteu ao islamismo. Timbuktu tornou-se o centro intelectual e espiritual islâmico da África ocidental. Grandes mesquitas e universidades, como as de Sankore (figura 9), além de escolas e bibliotecas, foram erguidas.
ü O Império Mali foi exterminado em meados do século XVI por exércitos marroquinos.
III) Zimbábue, o reino do sul
Localização: porção sul do continente africano
Período: surgiu por volta do século IX
Povo de origem: povos do sul da África, como os Zulus. Ambos derivam da cultura Banta, língua Shona.
Organização:
ü Tinha como característica política a centralização sob o governo de uma dinastia real (era necessário criar meios de proteção, tanto dos rebanhos como do amplo território utilizado para pastagens. O poder centralizado cumpria esse papel).
ü Pastoreio a atividade desenvolvida pela maioria da população,
ü Extração de ouro e marfim, negociados com comerciantes da Índia e da Arábia. Em troca, os mercadores africanos recebiam tecidos finos, porcelana chinesa e louças da Tailândia. (O luxo e o poder proporcionados pelo ouro ficaram evidentes na Grande Zimbábue, talvez, a maior cidade subsaariana africana de que se tem notícias. Erguida entre 1100 e 1600, e que chegou a ter 17 mil habitantes. Em seu interior, encontra-se o Grande Recinto, uma construção cuja muralha tinha 244 metros de comprimento e 10 metros de altura).
IV) O reino de Axum
Localização: atual Etiópia
Período: séculos II ao IV
Povo de origem: axumitas (povo de religião judaica), língua etíope. Segundo a tradição lendária, a monarquia axumita foi fundada no ano 1000 a.C. por um suposto descendente da união do rei Salomão, de Israel, com a rainha de Sabá, cidade da antiga Arábia.
Organização:
ü A organização política do reino de Axum centrava-se na figura de um rei que controlava outros reinos que lhe pagavam tributos.
ü Judeus chegara na Etiópia vindos pelo sul da península Arábica, no início da era cristã, entre os séculos I e III. Desembarcaram em pequenos grupos e deram continuidade ao processo de conversão das populações ao judaísmo.
ü Dedicava-se à agricultura e à criação de animais. Plantavam o trigo e outros cereais; conheciam o cultivo da uva e usavam arados puxados por bois, além dos bovinos, criavam carneiros, cabras, asnos e mulas.
ü Axum foi o primeiro reino africano a cunhar moedas de ouro, prata e cobre. Essas moedas tinham legenda em grego, língua corrente entre as pessoas mais próximas do rei, e nelas eram gravados os nomes dos soberanos. Isso ocorreu porque o reino era parte do caminho das crescentes rotas comerciais entre a África, a Arábia e a Índia
ü Entre as diversas línguas conhecidas pela população, o etíope antigo era a mais usada. O reino axumita controlava rotas comerciais que o ligavam ao Egito, à Síria e às regiões do interior da África. Comerciantes axumitas ofereciam mármore, chifres de rinoceronte, couro de hipopótamo, macacos e escravos.
ü O cristianismo foi introduzido no reino por volta do século IV. No século VII, os axumitas resistiram à invasão árabe, isolando-se dos reinos vizinhos, convertidos ao islamismo.
REFERÊNCIAS
AZEVEDO, Gislane Campos; SERIACOPI, Reinaldo. Projeto Teláris: história 7° ano. São Paulo: Ática, 1º ed., 2012.
CAPELLARI, Marcos Alexandre; NOGUEIRA, Fausto Henrique Gomes. História: ser protagonista - Volume único. Ensino Médio. 1ª Ed. São Paulo: SM. 2010.
COTRIM, Gilberto. História Global – Brasil e Geral. Volume Único. Ensino Médio. 8ª Ed. São Paulo: Saraiva 2005.
MOZER, Sônia & TELLES, Vera. Descobrindo a História. São Paulo: Ed. Ática, 2002.
PILETTI, Nelson & PILETTI, Claudico. História & Vida Integrada. São Paulo: Ed. Ática, 2002.
Projeto Araribá: História – 7° ano. /Obra coletiva/ São Paulo: Editora Moderna, 2010. Editora Responsável: Maria Raquel Apolinário Melani.
Uno: Sistema de Ensino – História – 7° ano. São Paulo: Grupo Santillana, 2011. Editor Responsável: Angélica Pizzutto Pozzani.
VICENTINO, Cláudio. Viver a História: Ensino Fundamental. São Paulo: Ed. Scipione, 2002.
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